segunda-feira, 29 de julho de 2013

Ativistas do País do Papa, Argentina, duvidam da aceitação do Papa aos LGBT



As palavras do Papa Francisco sobre gays  deu a volta ao mundo. Enquanto a mídia internacional ecoou a declaração surpresa, a comunidade gay Argentina não escondeu seu desconforto lembrando que foram eles que lutaram contra a oposição feroz ao  casamento igualitário feita pelo então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio. Naqueles tempos, o atual Papa era um dos principais líderes lutando para evitar a aprovação da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Naquela época, o jesuíta falou de uma "guerra santa" para impedir a aprovação da lei no Congresso.

"Falam muito de lobby gay. Eu ainda não encontrei nenhum que me de sua identificação com foto, no Vaticano. Dizem que existe", disse Francisco, durante uma conferência de imprensa em voo, de volta para o Vaticano . "Quando você encontra uma pessoa gay, você deve distinguir entre o que é gay e entre o que faz lobby de verdade, porque lobby gay não é bom. Se uma pessoa é gay e busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgar ? " disse o pontífice. "O Catecismo da Igreja Católica explica de uma foma muito bonita isso. Diz que você não deve marginalizar as pessoas por isso. Deve ser integrado na sociedade.  Devemos ser irmãos. O problema é fazer lobby ", disse Francisco.

Alex Freyre, deputado pelo FPV que propôs a lei do casamento igualitário na Argentina, duvidou das palavras do Santo Padre. " Bergoglio pessoalmente fez muito lobby contra mim e os direitos igualitários. Ele o fez em nome do seu papel como Arcebispo da Igreja Católica. Ele convidou Macri (prefeito de Buenos Aires)  ao seu escritório e exigiu que impedisse o meu casamento, e  disse para mim e meu marido que somos o diabo."

"Ele também fez lobby. Porque negar? Política e lobbys estão relacionados.Quando uma pessoa faz política trata de tentar persuadir, isso é lobby e a Igreja fez e faz."

Enquanto isso, Maria Rachid, FPV Buenos Aires, legisladora e ex-presidente da Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans (FALGBT), disse: "Eu não tenho certeza do que o Papa quer dizer com 'lobby gay', mas eu acho que o problema da hierarquia da Igreja Católica para este problema é o duplo discurso que Bergoglio (Papa Francisco) também usa  hoje e sempre ". Ele diz: "Eu não sou ninguém para julgar", e ao mesmo tempo julgam o nosso trabalho para o casamento igualitário como um 'plano do diabo. O que acontece?"

"O mesmo vale para o papel das mulheres, o uso de preservativos, divórcio e outros temas que se afastam da realidade e das necessidades das pessoas", reclamou Rachid. 

O presidente da Comunidade Homossexual Argentina (CHA), César Cigliutti também rejeitou as declarações papais "O que diz o catolicismo que ele se refere é que a homossexualidade é um desvio. Essa é a teoria da igreja do Vaticano. Então, além de lobby ou nao lobby se fala de uma discriminação ", disse ele.

Como uma mensagem conciliadora, César Cigliutti disse que a comunidade gay espera "que a Igreja e o Papa mudem a política em relação aos homossexuais em todo o mundo. Que eles não se oponham aos nossos direitos, e que eles não façam o que  Bergoglio fez aqui na Argentina, uma guerra santa contra os direitos LGBT. Se fazem isso vamos  acreditar no Papa Francisco."

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