Ele nasceu com genitália masculina como seu irmão gêmeo. Mas sua mãe conta que com um ano e meio começou a repetir: "Eu sou uma menina", "eu sou uma princesa", e colocava roupa de menina e pedia para brincar com bonecas. "Aos quatro anos escolheu um nome feminino e nos pediu para chamá-la assim" disse a mãe. "Nós disse que se não chamávamos ela assim, não ia nos responder." Hoje "Lulu" tem seis anos e é uma menina trans. Ela vive com sua mãe e irmão no subúrbio de Buenos Aires e estuda no jardim de infância que respeita a sua identidade.
A história de Lulu se tornou pública há poucos dias através de uma nota em jornal de Buenos Aires, mas faz muito tempo que sua família, terapeutas e representantes da comunidade LGBT estão trabalhando para ajudar essa criança a crescer feliz.
"Quando a mãe de Lulu percebeu a identidade de sua filha ela se comunicou com a gente, buscando informações e conselhos", diz César Cigliutti, presidente da Comunidade Homossexual Argentina (CHA). Valeria Pavan, coordenadora da nossa área de saúde, psicóloga, que por sua formação e experiência, cuida de tudo que está envolvido nesta situação.
Mas o principal obstáculo ao pleno desenvolvimento da Lulu é a falta de um documento de identidade de acordo com sua identidade de gênero. "É difícil levá-la a uma emergência, porque tem 39 graus de febre, e ela ser olhada estranhamente porque vêem ela de tranças e saia, em vez de ser olhado o que está errado com sua saúde, porque o seu documento tem um nome e foto do menino", explicou o mãe.
Na Argentina a lei de identidade de gênero já foi aprovada e permite a troca de nome e sexo no documento de identidade. A Lei tem um mecanismo para casos de menores de 14 anos, mas o cartório do município não aceitou e lhes disse para solicitar através da justiça. Pedro Paradiso Sottile, secretário e coordenador do Departamento Jurídico da CHA, disse que "o Estado tem a obrigação de dar a sua certidão de nascimento e uma nova identidade de acordo com a solicitação de correção do registro".
Torcemos para que em pouco tempo a justiça autorize a alteração de documentos de Lulu e ela siga feliz sem se sentir desamparada pelo Estado.
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