quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Artista russo procura asilo depois de pintar Putin de lingerie



O artista russo Konstantin Altunin, autor da pintura Travesti, em que retrata o presidente Vladimir Putin penteando os cabelos do primeiro-ministro Dmitri Medvedev, ambos vestidos com lingerie, deixou a Rússia para procurar asilo na França, segundo a diretora do museu onde o quadro foi exposto.

Tatiana Titova, diretora do Museu do Poder, em São Petersburgo, anunciou a fuga de Altunin, que depois foi confirmada por Aleksandr Donskoi, proprietário da galeria. Donskoi primeiramente afirmou ao jornal russo Komsomolskaya Pravda que o artista havia ido para a Dinamarca com  intenção de pedir asilo à França, mas, segundo o The Guardian, ele já está no país.

“Ele tem medo de ser preso e por isso não quer voltar”, disse Donskoi, que foi obrigado, na segunda-feira (26/08), a fechar o museu por autoridades russas, que apreenderam Travesti e outros “quadros satíricos” de Altunin, incluindo um em que o líder da Igreja Ortodoxa Russa aparece coberto de tatuagens e outro em que Vitaly Milonov, um legislador anti-gay de São Petersburgo, segura uma bandeira de arco-íris.

A polícia considerou as pinturas “extremistas”, mas não especificou quais leis elas violaram. Entretanto, é possível presumir pelo menos duas das regras infringidas: na Rússia, existe uma lei polêmica que proíbe a “propaganda homossexual” e outra que não permite insultos a figuras do Estado.

Essa não é a primeira censura do tipo que acontece na Rússia. No último mês de junho, o Ministério da Cultura fechou uma exposição de arte que estava recebendo grande atenção sobre “o lado negro das Olimpíadas de Socchi”. O próprio Museu do Poder não se afastou da controvérsia ao se descrever como “o único museu dedicado às pessoas que nos governam”.


Em sua página no VK Page (equivalente russo do Facebook), o museu chamou a apreensão de ilegal e reclamou que a polícia havia roubado dinheiro e materiais promocionais, além das pinturas. A galeria também pediu a seus seguidores que publiquem fotos e vídeos da exposição para ajudar a estabelecer no tribunal quais peças foram levadas.

Altunin, antes de fugir para a França, escreveu uma carta aos líderes do G20, que devem se reunir em São Peterburgo no início de setembro, pedindo a eles que discutam a censura com Putin e condenem a ação do governo contra artistas. No entanto, o pintor também já produziu “retratos satíricos” desses representantes também. “Espero que vocês não se ofendam”, ele escreveu na página do museu no VK Page.

Travesti não é a única pintura de Altunin mostrando Putin em roupas de baixo femininas. O artista, que tem outros quadros do tipo com o presidente russo em situações parecidas, também já usou como “modelo” o ex-líder comunista Leonid Brezhnev beijando outro homem e, recentemente, coloriu um busto de Lênin com as cores do arco-íris.

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